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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO IV


INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS    


EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Os olhos de Isabel
    Instalou-se ontem, no Rio, um banco de olhos. Ali será conservada na geladeira uma parte dos olhos tirados de pessoas que acabam de morrer, de acidentados e natimortos. Os cegos que são capazes de distinguir a claridade poderão, em muitos casos, ter vista perfeita, recebendo nos olhos a córnea da pessoa morta. Já houve muitos casos dessa operação no Brasil, como o da jovem Isabel, de 18 anos, cega desde nascença, que passou a ver bem. Não a conheço; e estimo que seja feliz em suas visões, e veja sempre coisas que a façam alegre.
    É pelos olhos que entra em nós a maior parte das alegrias e tristezas. Os meus, ainda que bastante usados, enxergam bem, e mesmo, em certas circunstâncias, demais. São, é natural, sujeitos a muitas ilusões; de muitas já fui ao empós, e eram miragens que me levaram ao meio de um deserto onde me alimentei de gafanhotos e lágrimas, tomando sopa de vento, comendo pirão de areia, como diz a canção.
    A fina membrana dos olhos não guarda a lembrança das visões; mas que sabemos? A matéria viva é uma coisa sutil e sensível que ninguém entende. O jornal não diz de quem eram os olhos com que hoje vê a moça Isabel; e ela, nunca tendo visto antes, não sabe se as visões de hoje são verdade ou fantasia; talvez esteja a ver este mundo através do filtro emocional de uma criatura já morta; (...) mas tenham visto o que tiverem antes, que ora vejam tudo em suave e belo azul, a cor dos sonhos e descobrimentos nas navegações dos 18 anos. Que são tontas, mas belas navegações.

(Rubem Braga, O homem rouco. Rio: Editora do
Autor, 1963)

1. As expressões banco de olhos, córnea, operação, visões,
miragens, filtro emocional e cor dos sonhos indicam que o
autor do texto desenvolve seu tema de modo a
(A) considerá-lo numa perspectiva clínica e científica,
eximindo-se de especulações subjetivas.
(B) combinar dados objetivos e considerações subjetivas,
prevalecendo estas sobre aqueles.
(C) tornar acessível uma questão científica por meio de
uma linguagem informativa e jornalística.
(D) mesclar, na linguagem jornalística, a informação e a
crítica que o fato informado suscita.
(E) alternar o sentido positivo de um feito científico e os
aspectos negativos que ele implica.

2. Considere as seguintes afirmações:
I. O autor acredita que, por já ter usado bastante seus
olhos, passou a ser uma presa fácil das miragens e
das ilusões.
II. É dado como fato que o bem sucedido transplante
fez de Isabel uma fiel depositária das visões do
doador.
III. O autor sabe que é dado como certo serem os
olhos incapazes de, em sua membrana, gravar
lembranças de visões.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.
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3. Considerando-se o contexto, na frase
(A) (...) estimo que seja feliz, o verbo sublinhado tem o
mesmo sentido que apresenta na frase Estimou o
prejuízo em dez milhões de reais.
(B) (...) enxergam bem, e mesmo, em certas circunstâncias,
demais, a expressão sublinhada tem o
sentido de e eles próprios.
(C) A matéria viva é uma coisa sutil e sensível, a
expressão sublinhada está aludindo às miragens e
às ilusões.
(D) (...) ver este mundo através do filtro emocional, o
emprego do termo sublinhado é inadequado, assim
como em Chega-nos a luz através dos vitrais.
(E) (...) que ora vejam tudo em suave e belo azul, a
expressão sublinhada tem o sentido de que agora
vejam tudo.
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4. O sentido contextual da frase Que são tontas, mas belas
navegações, na qual se retoma uma informação anterior,
está adequadamente formulado em:
(A) Como são tontas, mais do que belas, as navegações
dos 18 anos!
(B) Aos 18 anos, as navegações são belas, uma vez
que tontas.
(C) Porque belas, as navegações dos 18 anos são
também tontas.
(D) As navegações dos 18 anos, sendo tontas, não
deixam de ser belas.
(E) São tontas, antes de belas, as navegações dos 18
anos.

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GABARITO:
01-b      02-c     03-e       04-d  


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