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sábado, 19 de abril de 2014

História do Brasil - Urbanização no Brasil

Urbanização no Brasil


A sociedade brasileira mudou muito nas últimas décadas e os espaços urbanos passaram a concentrar a maioria das nossas contradições econômicas, políticas e sociais.
No início da década de 1930, a industrialização dava seus primeiros passos através do capital nacional e já apontava para uma nova etapa de desenvolvimento econômico que o país seguiria.
Com a entrada do capital internacional, a partir do final da década de 1950, o Brasil passou de nação essencialmente agrícola - exportadora de matéria-prima - a produtor de industrializados.
Esse processo resultou numa alta concentração urbana, significando alteração no ritmo e no modo de vida das pessoas. O espaço geográfico foi se transformando e somente uma análise crítica dessa dinâmica pode explicar a nova realidade que surgia.
Observar a paisagem industrial pode nos dar uma ideia desse processo de transformação, mas é buscando os "porquês", que vamos entender a indústria como o fenômeno econômico que caracteriza a fase moderna da nossa sociedade.


As relações de trabalho e a urbanização

A cidade é a expressão maior da sociedade contemporânea. Ela é natureza transformada, espaço geográfico - construído e dinâmico, lugar de ir e vir, do fluxo intenso de informações e de efervescência cultural.
A cidade não é uma paisagem estática, já que é a expressão da sociedade múltipla, especialmente quando age como polo de atração de gente que carrega os contrastes regionais. A cidade possui movimento: sobre um espaço construído, constrói-se e reconstrói-se.
A urbanização é um processo que é parte de outros processos, de outras transformações de caráter mais
amplo. Transformações políticas, econômicas e culturais que atuaram na origem e na evolução das cidades.
Na sociedade contemporânea há inúmeros papéis urbanos, com acentuada divisão social e territorial do trabalho, diferindo das comunidades primitivas onde não existia divisão do trabalho.
Havia somente a divisão de tarefas em função das diferenças de papéis entre homens, mulheres, jovens e velhos. Assim como não havia a divisão social, não havia também a divisão territorial do trabalho: a que existe entre a cidade e o campo.
As primeiras cidades fundadas pelos portugueses na nossa faixa litorânea eram essencialmente mercantis, cidades-portos, por onde escoavam o pau-brasil, depois a cana-de-açúcar e depois o café. A partir delas, o Brasil se articulava à economia capitalista mundial como colônia agroexportadora.
Na sua forma de construção, eram também cidades-artes, para garantir o controle do poder português sobre colônia, com um caráter político que se expressava em números papéis burocráticos e administrativos.
Com a independência do país, o papel mercantil de nossas cidades se reforçou. Os interesses da reprodução capitalista com a ampliação da capacidade de produção industrial, a partir da Inglaterra e em desenvolvimento na Europa, exigiam mercados consumidores. Continuamos a exportar, mas o comércio de importados ampliou-se.
A faixa litorânea ficou bem mais densa, e a rede urbana estendeu-se para o interior.
Esse processo foi mais acentuado em São Paulo. Os ingleses e os fazendeiros de café começaram a construir ferrovias para agilizar o leva e traz de matérias-primas ou manufaturados. Em torno das grandes fazendas de café formaram-se novos povoados - embriões de cidades - mas, até 1930, o Brasil continuou sua expansão territorial baseada na agricultura para exportação - na monocultura (cana-de-açúcar, cacau, café).
A partir da década de 1930, com a aceleração do processo de industrialização, as funções urbanas se ampliaram devido à grande concentração das unidades produtivas e das várias atividades necessárias para o próprio funcionamento industrial. Por exemplo, o setor de serviços, que conferiu ao espaço urbano uma crescente Importância na divisão social e técnica do trabalho.
A partir daí desenvolveu-se no país o binômio urbanização - industrialização. Imprimiu-se um ritmo nervoso de crescimento às cidades, multiplicando-se as funções e atividades urbanas necessárias ao próprio desenvolvimento industrial: comércio, setor de serviços, transporte coletivo. Redefinia-se o eixo de nossa urbanização.
Com a industrialização abriu-se uma nova era urbana: a da formação de um mercado consumidor nacional para uma industrialização predominantemente apoiada na produção de bens de consumo.
O perfil de urbanização que se construiu para o Brasil, entre 1930 e 1955, reforçou-se com o governo JK - Juscelino Kubitschek - que, com o slogan "50 anos em 5", promoveu a industrialização e a modernização da economia do país, além de transferir a capital federal para o Planalto Central com a construção de Brasília.
Os governos militares, pós 1964, continuaram a propiciar condições favoráveis aos investimentos estrangeiros no país - por meio da instalação de unidades industriais ligadas a conglomerados econômicos transnacionais - como as indústrias automobilísticas do ABC paulista.
Nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, surgiram políticas liberais nos países subdesenvolvidos, que facilitaram a associação entre o capital internacional e o nacional. Essa associação ofereceu ao capital estrangeiro garantias para a instalação de indústrias, caracterizando as políticas desenvolvimentistas de JK e dos governos . militares, até a década de 1970.
Com isso, ampliaram-se ainda mais os papéis urbanos na divisão territorial do trabalho. As cidades não são mais apenas um espaço do poder político comercial e um ‘ espaço da produção industrial e do seu consumo. As cidades atuais são o lugar da reprodução financeira do . capital; o lugar onde circulam as ideias e as informações. É o lugar onde habitam, se educam e se preparam, onde circulam aqueles que se integram ao Brasil urbano-industrial enquanto força de trabalho.
A concentração de gente e de riquezas nas cidades trouxe seus efeitos para o campo:
  • O processo de concentração fundiária não se reverteu. Em 1985, apenas 1% dos estabelecimentos agrícolas ocupavam 40% da área total agrícola.
  • Por outro lado, a agropecuária ficou totalmente subordinada ao capital industrial e financeiro. Uma das formas dessa subordinação é o aumento do consumo dos produtos industriais como máquinas agrícolas, sementes, fertilizantes.
  • Outra forma de subordinação do campo à cidade revela-se pela expansão da produção agrícola destinada diretamente ao beneficiamento industrial. É o caso típico da cana-de-açúcar para a produção do álcool.
  • Uma outra forma de subordinação é que o próprio trabalhador do campo tornou-se consumidor da produção urbana.
A divisão de papéis inverteu-se. Atualmente as atividades do campo dependem das atividades e das decisões que se desenvolvem nas cidades.


O êxodo rural

O rápido aumento da produção urbana e da urbanização brasileira tem como principal fator o êxodo rural- urbano, a migração campo-cidade, isto é, a saída das pessoas das áreas rurais em direção às cidades.
Dentre os fatores responsáveis pelo êxodo rural e que contribuem para o decréscimo da população rural do país destacam-se:
  1. A tendência à urbanização, com o crescimento econômico a partir da influência direta ou indireta da industrialização.
  2. Os desequilíbrios setoriais de crescimento no conjunto da economia.
  3. Os problemas socioeconômicos do setor primário, sobretudo da agropecuária.
As migrações campo-cidade no Brasil vêm desempenhando espontaneamente, sem interferência compulsória ou mesmo planificadora do Estado, funções de extraordinária importância. Entre elas, podem-se registrar especialmente as seguintes:
  1. a diminuição da população rural, nas últimas décadas, embora seu crescimento natural continue alto;
  2. a redistribuição do potencial demográfico, interiorizando o epicentro populacional brasileiro, ocupando áreas não valorizadas e acelerando o processo de urbanização num ritmo superior ao do processo de industrialização, o que dá lugar ao problema da favelização.
  3. a introdução no circuito econômico de grandes contingentes humanos, com o duplo efeito de abastecimento de mão-de-obra para a industrialização e ampliação do mercado interno;
  4. a criação de uma consciência nacional, com a superação das divisões regionalistas em que as populações excedentes vivem ilhadas, isoladas.
Os centros de convergência das populações que saem da área rural são as principais áreas metropolitanas do Brasil:
  • metrópoles nacionais - Grande São Paulo e Grande Rio de Janeiro;
  • metrópoles regionais - Grande Belo Horizonte, Grande Recife. Grande Porto Alegre, Grande Salvador, Grande Fortaleza, Grande Curitiba, Grande Belém e Grande Vit

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